Hoje, depois do almoço, fui beber café no pequeno bar do lar e fiquei à minha sorte. Depois do acolhimento e até alguma integração, fui a pouco e pouco ficando com um plano de desenrasque. Nunca nestes locais existe o pessoal suficiente para fazer todo o trabalho necessário para manter, de facto, o bem-estar e a qualidade de vida de todos os residentes.
Por isso, e na impossibilidade de ter alguém que me ajude sempre que quero deslocar-me, pelo menos vou desenvolver os meus músculos dos braços a puxar a minha cadeira de rodas. Só me faz é bem e vou para onde quero e me apetece. Aliás, convém fazer exercício, senão, não consigo passar do almoço para o lanche e do lanche para o jantar. Imagina que se acaba o almoço entre as 12h3O e as 13h. Ás 15h lancha-se e ás 18h janta-se. Não me parece normal. A distância de tempo entre as refeições é muito pequena e duvido que não traga a algumas pessoas distúrbios gastro-intestinais.
Todos os horários são desconfortáveis e não têm em conta as necessidades deste grupo etário. Necessidades sociais, de saúde, emocionais, afectivas, psicológicas, económicas...
Hoje, de manhã, acordei, imagina, ás 6h30 da manhã com um barulho de fundo que não conseguia distinguir. Uma mistura de gemido, com pessoas a falar e água a correr. Percebi, ao fim de algum tempo, que algumas pessoas tomavam banho com a ajuda de colaboradoras -as ajudantes de lar.
MAS ÁS 6H30 DA MANHÃ?
Céus! O que era isto? Não é suposto dormir a esta hora? Acordar pessoas com 70 e mais anos a esta hora só para tomar banho? Fiquei incrédula a pensar que estava a sonhar, ou baralhada, talvez pela mudança de espaços, de minha casa para o lar. Mas não! Estava acordada e comecei a sentir-me insegura e desconfortável. Será que também ia tomar banho?
Regina Lourenço
Assistente Social - Academia de Empreendedorismo em Serviço Social
Supervisão Profissional em Serviço Social na área do Envelhecimento e Empoderamento Profissional
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